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quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Pratique a Paz!

Em tempos de violência praticar a paz parece ser um sonho inalcançável. As palavras motivadoras para construirmos um mundo mais pacífico parecem ser usadas tão somente para minimizar a indignação que nos habita. Famílias incendiadas dentro dos seus carros, crianças arrastadas por quilômetros em assaltos, jovens espancados pela polícia, que deveria protegê-los e não submetê-los à violência, e por aí vai. A lista de eventos violentos que passeiam pela mídia todos os dias parece não ter fim. E aí nos perguntamos: como praticar a paz num mundo como esse? Adquirimos a sensação de que as pequenas ações não são minimamente suficientes para dar conta da violência que desfila diante de nossos olhos.
É certo que fazer de nosso país um lugar de solidariedade, respeito e tolerância demanda uma ação política séria e inclusiva. Inclusiva? Sim, quanto mais inclusão houver em nossa sociedade menos violência teremos. Os estudos sobre o tema não se cansam de demonstrar isso, embora continuemos a ignorá-los. Diante de situações violentas, o medo que nos invade é tão grande que só queremos nos livrar daqueles indivíduos que julgamos - na grande maioria das vezes, pautados pelos nossos preconceitos - serem potencialmente perigosos. E ao invés de termos resultados satisfatórios na redução da violência, ela aumenta cada dia mais. Então, aí vai uma dica: o primeiro passo para praticar a paz e entender como ela se constrói e isso implica em compreender também que fatores podem causar a violência.
Compreender o par "paz-violência" já é uma forma de nós cidadãos fazermos algo por um mundo mais pacífico, pois quando entendemos mais sobre o assunto, vemos que ao contrário do que pensamos, somos diretamente responsáveis pela realidade que nos rodeia e mudá-la, depende da vontade política, mas depende também de nossas ações, de nossas posições, de nosso comportamento ético. Gandhi dizia: "não há caminho para a paz, a paz é o caminho". Ou seja, não adianta ficarmos sonhando com o dia em que o mundo será mais pacífico, pois para que o mundo seja um lugar pacífico, temos que praticar a paz na sociedade em que vivemos.
Mas será que para praticar a paz basta não fazermos o mal, basta não matarmos, não roubarmos, não brigarmos? Não, isso não basta para que vivamos tempos pacíficos. Para ampliar nosso rol de boas e eternas frases, Martin Luther King nos provoca quando disse: "Não é a violência de poucos que me assusta, mas o silêncio de muitos". Desta forma, não basta não fazer o mal, temos que fazer o bem! Ser omissos nos distancia da paz. E isso nos concerne, não só aos nossos representantes. Praticar a paz tem a ver com uma postura extremamente ativa de não se omitir, de buscar situações democráticas, de militar contra a violência, seja ela de qualquer tipo: contra crianças, contra mulheres, contra animais, contra etnias, culturas, classes sociais. É ser exemplo na suas atitudes. É realmente contribuir para um mundo melhor.
Para isso não é necessário ser político, podemos praticar a paz no nosso dia-a-dia, quando revemos nossos preconceitos, quando deixamos de nos omitir diante de uma situação de julgamos errada, quando nos esmeramos para minimizar os mal entendidos, quando não deixamos as brigas se prolongarem só para não ser o primeiro a dar o braço a torcer, quando esperamos a raiva passar para falar coisas que não nos arrependeremos mais tarde, quando buscamos o diálogo ao invés das brigas e da violência física.
Praticar a paz inclui também buscar situações democráticas, combater a violência, seja ela contra crianças, mulheres, animais, etnias, culturas ou classes sociais. É ser exemplo em suas atitudes.
E isso á fácil? De modo algum! Não somos santos e certamente continuaremos a ser humanos, com nossas fraquezas e deslizes. Nem sempre conseguiremos fazer todas as coisas que falamos até aqui, mas não podemos esquecer que isso é um ideal que devemos cultivar e adotar como modelo. Desta forma, para praticar a paz é necessário que a vivenciemos todos os dias em pensamentos e ações, isso é o que nos faz humanos. A paz não é só um discurso e um percurso!
Joyce K. Pescarolo
Psicóloga
Equipe operacional PNV
www.naoviolencia.org.br