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terça-feira, 27 de setembro de 2011

A viúva estava na cozinha com o filho, contando o dinheiro que tinha encontrado debaixo do colchão, quando o marido,falecido fazia meses, apareceu e veio sentar-se à mesa com eles. A mulher e não se intimidou:
- O que é que você está fazendo aqui, seu miserável ?! Me dá paz! Você está morto! Trate de voltar para debaixo da terra.
- Nem pensar- disse o morto. – Estou me sentido vivinho.
A mulher mandou o filho buscar um espelho. Entregou ao morto para que ele visse a sua cara de cadáver.
- É... estou abatido. Deve ser falta de exercício – disse o falecido.
E mandou o filho buscar a sanfona, e convidou a mulher para dançar. Ela, é claro, não quis saber de dançar com o defunto, que cheirava pior que gambá.
O morto nem ligou. Começou a dançar sozinho. De repente a mulher viu que um dedo dele estava caindo, e ordenou:
- Toca mais rápido, menino!
Assim que o ritmo se acelerou, caiu outro pedaço.
- Mais depressa, que eu também vou dançar- ela resolveu.
E começou a requebrar e saltar e jogar a perna para o alto e balançar a saia.
O marido, animado, tratava de acompanhar as piruetas da mulher, e enquanto isso o corpo dele desmoronava. Até que só ficou a caveira pulando no chão, batendo o queixo. A mulher caprichou uma pirueta, a caveira imitou e o queixo desmontou. Pronto.
Mais que depressa, a mulher mandou o filho buscar um baú para guardar os pedaços do marido:
- Põe tudo que é dele, filho. Tudo. Que eu vou procurar uns pregos e um martelo.
Dali a pouco ela voltou e caprichou nas marteladas, para que o morto nunca mais escapulisse.
Enterraram o defunto de novo. Depois jogaram bastante cimento em cima.
Só no dia seguinte a viúva lembrou do dinheiro do marido, que ela tinha deixado em cima da mesa.
- Cadê!?!
- Uai, mãe! Não era para guardar no baú tudo que fosse dele?
Autor : Angela Lago